sábado, 22 de outubro de 2016

TOP 10 – CONHECENDO A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Nenhum fato histórico inspirou tantos filmes e séries como a Segunda Guerra Mundial. De acordo com o site IMDb são cerca de 6 mil título relacionados a esse evento traumático que redefiniu a História e cujas consequências até hoje são percebidas. A ideia aqui não é apresentar os 10 melhores títulos sobre a Segunda Guerra, mas sim aqueles que, em ordem cronológica, melhor contam os eventos terríveis do conflito.


  • Há duas causas principais para a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Uma foi o Tratado de Versalhes em 1919, que penalizou duramente a Alemanha, derrotada após a Primeira Guerra Mundial. Os seus desdobramentos (inflação e desemprego) insuflaram no povo alemão um perigoso sentimento revanchista e nacionalista. 
  • A outra causa foi a crise de 1929, que levou a um colapso financeiro mundial sem precedentes, atingindo em cheio uma Alemanha ainda se reerguendo das pesadas dívidas pós-guerra.
  • Mas será que esses acontecimentos e fatos por si só explicam a ascensão de Hitler? Esse série em 6 episódios produzida pela BBC faz uma inquietante indagação: como uma nação civilizada do coração da Europa admitiu que uma figura grotesca como Hitler se tornasse chanceler da Alemanha em janeiro de 1933?


  • Após a ascensão de Hitler, a Alemanha viveu uma fase de militarização e de desrespeito a tratados internacionais. O ódio aos judeus tornou esses cidadãos de 2ª classe. Franceses e ingleses, algozes da Alemanha na Primeira Grande Guerra, faziam vistas grossas ao totalitarismo de Hitler. Tal covardia criava o ambiente propício à guerra.
  • Mas a Alemanha temia a União Soviética de Stálin. Assim, nasceu o Tratado de Não Agressão entre os dois países, com duração de 5 anos. Foi a senha para a invasão da Polônia, por ambos, em setembro de 1939.
  • A Polônia tinha na época uma grande sociedade judaica. Iniciou-se então a alocação desses judeus nos chamados guetos, sendo o mais famoso deles o de Varsóvia, retratado com perfeição e crueza em O Pianista.
  • Dois dias após a invasão, França e Inglaterra não tiveram outra saída e declararam guerra à Alemanha.

 
  • O holocausto judeu é um dos fatos mais inquietantes de Segunda Guerra. Pela primeira vez um país criava uma ampla estrutura de logística e pessoal para exterminar um povo. A grandiosidade de tal rede de extermínio, com suas ferrovias, trens de carga e campos de concentração somente foi revelada ao mundo após a queda da Alemanha. Tarde demais.
  • Ganhador do Oscar 2016 de melhor filme estrangeiro, Filho de Saul mostra a logística em um campo de extermínio através das ações de Saul, um membro do Sonderkommando (grupos de judeus prisioneiros que eram forçados a trabalhar na manutenção da estrutura dos campos). 
  • O horror em levar seus pares para a morte nas câmeras de gás e depois jogar os corpos em incineradores faz de Saul um ser sem emoções, robótico; mas ainda com humanidade suficiente para arriscar sua vida por um enterro digno a um menino, que ele reconhece como seu filho.


  • Hitler acreditava que seria questão de tempo para derrotar a Inglaterra. Seu egocentrismo aumentou ainda mais após a incrível capitulação da Holanda, Bélgica e França. Para uma Europa atônita e amedrontada, a Inglaterra de Churchill se tornou a última esperança.
  • O plano nazista era minar a Inglaterra através do controle do mar. E, de fato, dependente de importações para abastecer-se, a Inglaterra via com pesar cada navio mercante afundado pelos temidos submarinos nazistas.
  • Foi então que Alan Turing desenvolveu uma máquina capaz de decifrar os códigos Enigma, sistema criptográfico usado pelas forças alemãs para troca de mensagens. Graças a isso, comboios de navios mercantes podiam prever as rotas inimigas.
  • O filme O Jogo da Imitação mostra que uma guerra não é ganha apenas no campo de batalha e que a dedicação de cientistas e espiões foi decisiva para a vitória dos Aliados.
 
  • Diante da dificuldade em dominar uma ilha bem defendida como a Inglaterra, Hitler rompeu o Pacto de Não Agressão e invadiu, em junho de 1941, uma surpresa União Soviética, que perdeu grande território e praticamente toda sua esquadra de aviões. O mundo em espanto prendeu a respiração. Será que a potência comunista de Stálin também capitularia? 4 milhões de soldados soviéticos foram feitos prisioneiros. Outros milhões morreram em combate.
  • Mas veio o inverno e, junto a ele, um poder de reação impressionante do exército soviético. Começava aí uma surpreendente virada nos rumos da guerra em que a superioridade numérica do exército vermelho e a ajuda externa de Inglaterra e Estados Unidos foram fundamentais.
  • Em 1943, com o fracasso em tomar Stalingrado, Leningrado e Moscou, as forças nazistas começaram a ser empurradas de volta à Alemanha, em total desmantelo. 

  • Os Estados Unidos mantiveram-se neutros o quanto puderam, apenas ajudando materialmente a Inglaterra durante o cerco à ilha. Mas isso mudou com o bombardeio japonês em dezembro de 1941 a Pearl Harbor, uma base americana no Havaí. 
  • Estava declarada a guerra ao Japão, mas não a Alemanha.
  • Foi então que algo surpreendente ocorreu: Hitler, de forma desmedida, declarou guerra aos EUA. Só que demoraria ainda mais de 2 anos para que as tropas americanas e inglesas desembarcassem na França (enquanto isso, reconquistaram o norte da África). Essa demora causou desgosto em Stálin, que combatia sozinho os alemães, recebendo contudo, armamentos e informações importantes de seus aliados.
  • O desembarque na Normandia em junho de 1944 foi um evento decisivo para o equilíbrio das forças (havia a possibilidade de Stálin tomar sozinho toda a Alemanha) e apertou o cerco ao nazifascismo, por todos os lados.


  • De quase vencedor e exímio estrategista militar, Hitler transformou-se, na visão de muitos historiadores, em uma das maiores fraudes da Segunda Grande Guerra. Motivos há para tanto: sua decisão amalucada de invadir a URSS sem o preparo para o inverno russo (confiava que tomaria Moscou antes da neve chegar) somada à soberba de declarar guerra aos EUA. Há ainda no seu currículo diversos erros estratégicos em batalhas, ocasionados por sua incapacidade em ouvir os seus comandados e de fazer recuos estratégicos.
  • Mas há também um fato primordial para a derrota: Alemanha, Itália e Japão jamais agiam em sintonia. 
  • Com os soviéticos tomando Berlim em 1945, o desespero, desgosto e loucura desse líder encontram-se límpidos em A Queda, um magnífico retrato da decadência e da derrota. Bruno Ganz tem aqui uma interpretação inesquecível, tornando-se o rosto do ditador Hitler no cinema.


  • Assim como a Alemanha, o Japão também promoveu a guerra afim de conquistar recursos minerais. Só que o seu palco foi o Pacífico e Ásia. E sua guerra de conquista inicio-se antes mesmo do conflito na Europa, com a anexação da Manchúria. 
  • Já com a Segunda Guerra em curso, aproveitaram-se da debilidade da França e apropriaram-se da Indochina, uma colônia francesa. Foi então que os EUA, preocupados com o expansionismo japonês, anularam acordos comerciais e iniciaram o embargo de petróleo e matérias-primas que o Japão necessitava para sua máquina de guerra. Foi a senha para o que o Japão invadisse Filipinas, Indonésia, Hong-Kong, Malásia, Birmânia e ainda bombardeasse Pearl Harbor.
  • Os EUA eram assim tragados para a guerra e, de 1942 a 1945, combateram o Japão no Oceano Pacífico, ilha após ilha, até os fatídicos dias em que lançaram duas bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, provocando a rendição nipônica.


  • Churchill declarou, durante um de seus memoráveis discursos, que na Segunda Guerra "as máquinas venceriam as máquinas". Sem entrar no mérito se estava certo ou errado em sua profecia, o que sobressai nessa magnífica série documental é o ser humano, em imagens repletas de dor e inesquecíveis.
  • "Em uma guerra não se matam milhares de pessoas. Mata-se alguém que adora espaguete, alguém que é gay, outro que tem uma namorada. Uma acumulação de pequenas memórias" (Cristian Boltanski)


  • Uma das principais consequências do genocídio em massa dos judeus europeus foi a criação de Israel em 1948, após uma intensa migração para o Oriente Médio dos sobreviventes e dos que tiveram condições de fugir ao cerco nazista.
  • Em 1960, Adolf Eichmann, um oficial nazista foragido, foi levado a julgamento em Israel, o que atraiu a atenção de Hannah Arendt, conceituada filósofa política alemã. Daí nasceu a sua obra mais controversa: Eichmann em Jerusalém, em que  afirma que ele nada mais era do que um burocrata que cumpria ordens superiores, movido pelo desejo de ascender em sua carreira profissional. Cumpria ordens sem questioná-las, sem refletir sobre o bem ou o mal que pudessem causar.
  • Segundo a filósofa, o mal é político, histórico e se manifesta apenas onde encontra espaço institucional para isso. A trivialização da violência corresponde, assim, ao vazio de pensamento, onde a Banalidade do Mal se instala.

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