domingo, 1 de maio de 2016

A BRUXA (The Wicht - A New England Folktale, 2015)


TEM QUALIDADES, MAS É UM FILME DE TERROR QUE NÃO PROVOCA MEDO.

país produtor: Estados Unidos da América, Brasil, Reino Unido da Grã-Bretanha, Irlanda do Norte // direção: Robert Rodgers // elenco: Anya Taylor-Joy, Ralph Ineson, Kate Dickie, Harvey Scrimshaw

sinopse: Uma família de colonos ingleses recém chegados aos Estados Unidos é expulsa da comunidade em que vivia e se estabelece à margem de uma floresta que acreditam ser habitada por uma bruxa.

Metascore: 83 (from metacritic.com)

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Fazia tempo eu não via um filme que dividisse tanto o público. De um lado, os mais casuais e que se interessam por um cinema de puro entretenimento. Do outro, os mais intelectualizados e com um gosto por filmes mais artísticos. No meio, um simples conto de horror narrado sem os clichês típicos do gênero.

Também, pudera. Não há em A Bruxa qualquer concessão. A fotografia é propositadamente escura. A história é contada de forma lenta. O horror não é explícito.

Parênteses: Eis um típico filme que deve ter sido um tormento assistir em uma sala de cinema. Se já sofro com a má educação do público em filmes blockbusters, fico imaginando o que eu não passaria vendo no cinema uma obra como essa, repleta de silêncios e pouca ação. Ainda bem que assisti A Bruxa no conforto do meu quarto.

A falta de concessões é tamanha que um dos aspectos mais interessantes de A Bruxa é apenas revelado em seus créditos finais. Seu roteiro é baseado em relatos e contos históricos, a partir de diários e documentos judiciais. Sendo irônico, posso afirmar que se o diretor e roteirista tivesse colocado a informação "baseado em fatos reais" bem no início, a audiência casual teria se interessado mais pelo filme.


E quanto ao medo? Afinal, quem vai ver um filme de terror quer isso, sentir medo. A Bruxa é um filme bem sucedido nesse quesito? Tenho minhas dúvidas.

Li e vi gente falando que ficou arrepiada, mas eu particularmente, passei incólume. Infelizmente o diretor, dotado de grande talento estético, não soube implantar o medo em mim. E bons momentos para isso não faltaram, todos mal aproveitados. Filme de terror que não mete medo é a mesma coisa que comédia que não faz rir. É frustrante.

O terror em A Bruxa não é audiovisual mas psicológico. Igual a O Bebê de Rosemary (1968). Tem seu valor, mas eu adoro aquela sensação de medo e a velha e defensiva tática de racionalizar, dizendo para mim mesmo que "isso é só um filme". Assistir um bom filme de terror é sempre uma experiência incrível. Pena que esse gênero é tão carente de grandes talentos.

Por tudo isso, entendo as críticas negativas do público casual, apesar de não concordar com notas baixíssimas e exageros como "o pior filme que assisti". A Bruxa é um filme com qualidades (direção de arte e música principalmente) mas que sofre com a mão pesada de um diretor que não soube valorizar o fator entretenimento.

Visto em arquivo digital em 2016.

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