domingo, 8 de maio de 2016

RELATOS SELVAGENS (Relatos Salvajes, 2014)


A FALTA DE AMBIÇÃO NARRATIVA ME FAZ QUESTIONAR O OBA-OBA CRIADO PELA CRÍTICA BRASILEIRA.

país produtor: Argentina, Espanha // direção e roteiro: Damián Szifrón // elenco: Leonardo Sbaraglia, Ricardo Darín, Oscar Martínez, Erica Rivas.

sinopse: Seis histórias sobre vingança e perda de controle emocional de seus personagens.

Metascore: 77 (metacritic.com)

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Elogiadíssimo e muito bem realizado, Relatos Selvagens me levou a questionamentos quanto a sua estrutura episódica. Pois na verdade trata-se de um longa-metragem de fachada, composto por seis curtas-metragens independentes, mas reunidos por uma atmosfera, fotografia, música e edição de primeira. 

Bateria palmas para os realizadores se eles fossem mais ambiciosos e criassem laços narrativos entre as histórias. O personagem de um episódio aparecendo em outro, uma TV ligada noticiando algo que aconteceu ou acontecerá em outro episódio, coisas assim. Relatos Selvagens tem uma estrutura narrativa cômoda demais. Bem que Robert Altman, com o seu Short Cuts (1992), poderia servir de inspiração para Damían Szifrón...

Sei que falando isso estou indo contra a imensa maioria dos críticos brasileiros, pois Relatos Selvagens encontrou em por aqui um território plácido em críticas. Já lá fora, a história foi outra. Uma rápida pesquisa no IMDb revela que o seu Metascore tem média 77.

O grande barato de Relatos Selvagens é que é o tipo de filme que provoca uma grande identificação com o público. Algumas situações nos levam a pensar como agiríamos se estivéssemos na pele desse ou aquele personagem. Todos nós temos um instinto oculto, uma vontade de explodir com tudo, de rodar a baiana e essa identificação é a força do filme. Vivas para o trabalho do elenco, com destaque para Erica Rivas como a noiva alucinada do último episódio e Rita Cortese, como a cozinheira psico do segundo episódio. Sem boas interpretações e personagens com que nos identificássemos, esse filme fracassaria.


Pra finalizar, Relatos é sem dúvida um filme divertido, mas sem ambição suficiente para tanto oba-oba. Além disso, me incomoda as comparações com o cinema argentino. Para mim, tanto argentinos quanto brasileiros nadam em uma mesma maré, dependendo aqui e ali de brilhos individuais de alguns bons realizadores.

Ou você acha que nossos hermanos só produzem O Segredo dos Seus Olhos? Há também muita coisa mais ou menos sendo feita abaixo do Rio Grande do Sul e que nem chega aos nossos cinemas.

Visto em 2015 no Shopping Batel, em Curitiba.

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